sábado, 26 de dezembro de 2009

Natal 2009

Em época natalina voltei a pintar um tema que já pintei outras vezes: a sagrada família. Uma cena de um casal com um neném recém-nascido. Através das mãos quero expressar o carinho com que o casal acalenta o neném que está mamando tranquilamente. Maria, José e Jesus. Ou tantos outros nomes de gente feliz da vida com o nascimento do filho.
Pintei duas versões desta vez: uma primeira, menor, onde experimentei com o amarelo e as cores complementares verde e vermelho. Uma segunda versão mais naturalista para a capa do Jornal do Commercio no dia de Natal.

a sagrada família


a sagrada família


sábado, 19 de dezembro de 2009

o Painel do IMIP

Em maio deste ano recebi de Antônio Carlos Figueira, presidente do IMIP, a encomenda de pintar um painel para a sala de defesa de tese no Hospital Pedro II. Chegamos a um consenso que o painel devia expressar o aspecto humanitário da medicina. O tema seria algo como um elogio à vida, um olhar sobre as fases da vida.
Fiz este primeiro estudo de uma jovem mãe com sua filha de cinco meses, Flora e Lis, um elogio à maternidade. Pensei que ela poderia ser a figura central unida ao tronco de uma “árvore da vida” que acolhe em sua sombra várias pessoas. Uma cena que a gente pode ver todos os dias no pátio do IMIP. Plasticamente queria desenvolver esta idéia como o retrato da minha família, que abre este blog e que, com referência a Gauguin, se chama “meu Taití é aqui”.
Aos poucos fui desenhando e pintando todas as figuras com modelos encenando várias posturas. Procurei poses e posturas que expressassem emoções de ternura e amor, algo que considero imprescindível para a cura e para o exercício da medicina também no seu mais alto nível acadêmico.

Flora e Lis, "Maternidade"


O projeto do painel


Apresentei à diretoria este projeto, medindo 137 x 192, numa escala de 1:4 para o painel final. Várias pessoas deram a sugestão de colocar mais figuras no painel. José Cláudio lembrou o muralismo mexicano com cenas habitadas por muita gente. Teria que ter bastante coisa para se ver.
Pessoalmente pensei que a imagem devia ter mais verticalidade. Aumentando as figuras pelo fator 1,5 poderia criar mais espaço na largura para enriquecer a cena com mais pessoas e na altura para dar mais lugar na tela à árvore. Optei por uma mangueira para ter mais elementos verticais.

painel do imip, o projeto


Making off


O painel ficará nas medidas totais de 350 x 400 cm, dividido em seis telas. Para poder ver o painel todo enquanto pintava, precisei de um pé direito alto. Recorri ao casarão onde funciona a ONG na qual participo, o Serviço de Promoção Social, na Rua da Santa Cruz na Boa Vista onde tem paredes de 4,5m. de altura.
Neste fim de ano estarei finalizando a pintura do painel. Portanto, não tem ainda uma imagem definitiva. Nem título tem ainda. As fotos dão uma idéia do processo da pintura.

os primeiros traços


o desenho quase completo


pintando as figuras



trabalhando com modelo


a mangueira


uma imagem parcial


quase pronto


Retrato de Reynaldo Fonseca como preso

Somente hoje tirei uma foto do retrato que pintei de Reynaldo Fonseca no mês de novembro.
De vez em quando visito Reynaldo junto com o amigo Pedro Frederico. Adoro esses encontros em que a gente olha seus quadros pintados recentemente e conversa sobre arte em geral. Tenho muita admiração por sua pintura, pelos desenhos e composições meticulosas, as soluções inventivas, as cores douradas e azuladas, por esse universo próprio de Reynaldo, que me lembra, claro, Vermeer e também Balthus. Aliás é interessante notar como Balthus marca dois grandes pintores pernambucanos, Reynaldo Fonseca e Francisco Brennand.
Admiro também o aspecto operário em Reynaldo, até hoje, aos 85 anos, trabalha de segunda a sábado das 9:00 horas até o final da tarde, pintando em pé, daí as meias Kendall para amenizar as dores das varizes, mal que atinge cirurgiões, barbeiros e pintores.

Reynaldo Fonseca


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Artistas presos num retrato

Na exposição “Ecce Homo” que realizei na Galeria de Arte Dumaresq em maio de 2007, mostrei seis retratos de pessoas presas sendo apresentadas à imprensa. Coisa que a gente vê diariamente nos jornais. Uma fotografia de alguém que não quer ser fotografado, não quer ser (re)conhecido. O leitor procura ver, o retratado procura esconder-se.
Quis levar essa tensão entre um esconder-se e revelar-se para uma série de retratos de artistas amigos que admiro. Procuro prender, captar o artista, normalmente escondido por trás de sua obra, num retrato que tem certa crueza. Coloca-se a pessoa à força na parede. O procedimento leva a reflexões em torno da relação entre biografia e obra, entre identidade e arte.
Com esta pintura de uma série de retratos de pintores volto até a uma tradição antiga dos séculos XVI e XVII, quando se fazia coleções de pinturas ou gravuras de retratos de pintores da época.

José Cláudio


Dois anos atrás pintei Mané Tatu, cujo retrato está neste blog abaixo. Este ano comecei pelo pai dele, José Cláudio. José Cláudio entrou na brincadeira. Tirou a camisa para esconder as algemas.

José Cláudio


José Cláudio de figura inteira para eternizar os crocs cor de laranja.

Guita Charifker


Eudes Mota (de costas)


Eudes Mota (de frente)


Popó, Edson Menezes


quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

A Sociedade do Portador de Deficiência da Mangueira

Sou coordenador geral de uma ONG, o Serviço de Promoção Social, que desenvolve três projetos sociais e educativos: um Centro de Acolhimento de crianças pobres de um bairro periférico em Campina Grande na Paraíba; um projeto de geração de renda e emprego para jovens em situação de risco que funciona num casarão secular na Rua da Santa Cruz frente ao Mercado da Boa Vista no Recife; e um projeto de assistência social a um grupo de 40 pessoas portadoras de deficiência no bairro da Mangueira, também no Recife.
Já conheço há bastante tempo essa turma da Sociedade do Portador de Deficiência da Mangueira (a SPD), composta por gente de idades diversas e portadora de todo tipo de deficiência. Sempre tive vontade de retratá-los, pois gosto de pintar pessoas do meu convívio. Percebo também que há uma lacuna na história da arte em relação à pessoa portadora de deficiência. Só me vem à lembrança alguns cegos e aleijados em Breughel, gente deformado em caricaturas de Da Vinci, anões na corte espanhola em Velasquez,... Na arte moderna, uma série do pintor inglês Robert Lenkiewisz.
Nos meses de fevereiro, março e abril fiz um início na pintura dessa série de retratos. A pintura me deu a oportunidade para me aproximar mais do dia a dia dessas pessoas e aprender algo mais das suas vivências. Pintei na casa de um e outro, a maioria dos retratos foram pintados na sede do S.P.D., onde instalei um atelier. Tirei algumas fotografias do bairro e do pessoal nas suas moradias. Fiz um começo, pintei 17 retratos até agora, dos quais mostro alguns embaixo. Pretendo continuar em 2010.

Duas casas azuis e uma ciclista














A Mangueira é um bairro pobre e densamente habitado. Inúmeros becos com moradias para várias famílias. Nos últimos anos o bairro está recebendo investimentos na área de saneamento e calçamento de ruas.

Tudo azul


A Sociedade do Portador de Deficiência


Uma foto do pessoal reunido no quintal da SPD, na Rua João Leite, nº 367 no bairro da Mangueira.

Ploeg pintando Wedson



Pintei o retrato de Wedson na casa dele. Um calor muito grande.

Wedson, "Jesus te ama"



Wedson é paraplégico devido a uma queda de um viaduto para escapar de um assalto, há treze anos. Ele ficou muito revoltado e desgostoso da vida.

Wedson, "salvo"


A participação na S.P.D e na Assembléia de Deus deram um novo sentido à vida de Wedson, por isto este retrato como irmão, salvo. Foi desejo dele.

Valdemir

Valdemir é paraplégico. Há doze anos levou um tiro nas costas na saída de um pagode em Olinda.Um caso deste me faz pensar a respeito das estatísticas da violência. Em geral, só conhecemos os números das vítimas fatais. Mas quanta gente leva pelo resto da vida seqüelas graves da violência?

foto de Valdemir na cama


Valdemir


Pedro Junior e sua mãe

Pedro tem espasmos, não fala,
mas a mãe o entende muito bem.

Pedro Junior


Gerlane e sua filha Monique


Uma foto de Gerlane e sua filha Monique no beco estreito de sua casa, onde não entra a sua cadeira de rodas.

Gerlane


Gerlane que teve paralisia infantil é uma figura, se enfeita, vai ás danças, gosta de uma cervejinha, pratica esporte, namora, é mãe de quatro filhos, uma danada.

Marta



Marta com 13 anos teve muita coragem de posar sem querer disfarçar a sua deficiência. Ela mesma escolheu a pose e encarou.

Ploeg pintando Fátima


Improvisei um pequeno atelier na sede do Portador de Deficiência. Sempre havia um público assistindo.

Fátima


Fátima é cadeirante, tem uma doença rara que a impede de andar.

Jefferson e familia




Uma foto de Jefferson com a irmã Diana, os irmãos Marcelo e Lucas e a vizinha Simone

Jefferson


Conheço Jefferson desde criança, hoje ele tem 18 anos, é um lutador diante das adversidades da vida. Paraplégico, falante com uma dicção bem explicita.

Marlon



Um retrato bonito de um menino que está entrando na puberdade. Marlon tem um braço defeituoso devido a um erro médico na hora do parto.

João

João está chegando perto dos 60 anos. Não consegue mais trabalho. Trabalhou a vida toda, desde criança e está, digamos, esgotado.Ele faz de tudo na sede da Sociedade do Portador de Deficiência. É muito prestativo. João sempre veste azul. O que me faz lembrar o retrato que Van Gogh pintou em 1888 do carteiro Joseph Roulin. O pintei numa pose em pé e no sol para ressaltar os azuis frente um fundo de cores complementares, ocre e laranja.

João


Cristina

Um retrato pintado numa manhã só. Tem momentos que a pintura flui, que tudo sai bem. Cristina que é paciente psiquiátrica, que normalmente é bem agitada falando sem parar, como se fosse um rádio ligado, estava super calma neste exercício da gente se olhar durante mais de duas horas.

DOM HÉLDER CÂMARA


Fiquei feliz com a encomenda do IMIP de pintar um retrato de Dom Hélder Câmara a ser colocado nas novas instalações do voluntariado do IMIP no restaurado e modernizado Hospital Pedro II. Dom Hélder é patrono do voluntariado que conta com mais de 400 pessoas.
Este ano são comemorados os 100 anos de nascimento de Hélder Câmara e os 10 anos do seu falecimento. A pintura foi para mim uma oportunidade para recordar D. Hélder, figura franzina de um imenso humanismo. Foi através de Dom Hélder que vim para o Brasil há trinta anos para conhecer a caminhada pastoral da Igreja dos Pobres e a teologia que acompanhava e estimulava este processo.
Não quis pintar Dom Hélder palestrando e gesticulando, mas quis retratar ele mesmo velhinho e sorridente, numa postura de quem se aproxima do leito de uma pessoa doente.

Dom Hélder Câmara


quarta-feira, 8 de julho de 2009

Exposição de Pinturas de Ploeg na Dona Santa/Santo Homem

No dia 15 de julho de 2009 farei uma exposição de pinturas na Dona Santa/Santo Homem em Boa Viagem. São 25 quadros, todos eles óleo sobre tela e quase todos são trabalhos recentes. A temática é doméstica e ao mesmo tempo diversa. Figura, natureza morta, paisagem, tudo em casa. São coisas que gosto de pintar sem grandes conceitos por trás. Se fosse música, a exposição poderia ser chamada "Ploeg Unplugged".

A Colcha de Retalhos

Este quadro figura no convite da exposição.
A colcha de retalhos cerca de cores a moça dormindo vestida de flores.

SMS




Sem Sinal

Queria pintar esses azuis de Dieter
Ruckhaberle, pintor alemão, colorista
maravilhoso, que divide atelier
entre Berlim e João Pessoa.

O Torpedo


Jazz

Um quadro de 2006 de Susana curtindo jazz.
No retângulo horizontal da tela fiz
a composição de um losango
para a música ressoar.

Nu de bruços


Pintado após um quadro de Bardelli

Autorretrato em noite de São João


ROSAS


Um abacate e uma manga rosa

Batatas doces